Santa Gianna Beretta Molla

João Paulo II canonizou em 16 de maio de 2004 a Gianna Beretta Molla, mãe de família, cujo testemunho a favor da vida humana é uma "boa nova" para os homens de nosso tempo.

Gianna nasceu em 4 de outubro de 1922 em Mageta (Itália), sendo a décima de treze filhos (dos quais, cinco morreram muito cedo), no seio de uma família em que os pais, pertencem a terceira ordem de São Francisco e assistem a missa todos os dias, cultivam uma atmosfera serena e cristã. Os domingos, pela tarde, as crianças acompanham o pai em sua visita aos pobres, à pessoas maiores, em estado de abandono ou desamparadas. A mãe, por sua parte, se engenhava para economizar em favor das missões.

Em 14 de abril de 1928, Gianna recebe a primeira comunhão, e a Eucaristia se converte em alimento cotidiano indispensável.
No colégio é uma aluna de rendimento médio, e haverá que esperar ao final de seus estudos primários para que obtenha alguns bons resultados. Recebe a Confirmação em 9 de junho de 1930. Já nos ensinos secundários, segue sem destacar em seus estudos, mas sua vida é intensa e radiante: um tempo de meditação cada manhã lhe dá força e alegria para amar durante todo o dia. A formação espiritual e o apostolado de Gianna se vem reforçado graças a Ação Católica feminina italiana, em que se havia inscrito desde a idade de 12 anos.

Do 16 ao 18 de março de 1938, Gianna participa de um retiro espiritual conforme os Exercícios de Santo Inácio de Loyola, recebendo numerosas graças que a marca para toda a vida. Se aprofunda nesse momento nos valores fundamentais da vida espiritual: a necessidade da graça e da oração, o horror do pecado, a imitação de Cristo e a mortificação; mas, sobretudo, começa a ver o apostlado como uma expressão eminente da caridade. Entre seus propósitos, escreve o seguinte: "Fazer tudo pelo Senhor ... Para servir a Deus, já não irei ao cinema sem ter a segurança de que se trata de um filme conveniente e não escandaloso, ou imoral... Prefiro morrer antes que cometer um pecado mortal... Rezar todos os dias uma Ave-Maria para que o Senhor me conceda uma boa morte... O caminho mais curto para alcançar a santidade é o da humilhação. Pedir ao Senhor que me conduza ao paraíso".

Em 1942, Gianna perde de repente a sua mãe, de 53 anos de idade. Quatro meses depois falece seu pai; Gianna acabava de se aprovar no exame final de bacharelato. Gianna está considerando a possibilidade de fazer-se religiosa missionária no Brasil. Apesar das dificuldades que existem na época (Itália encontrava-se em guerra), se tomou muito a sério seus estudos de medicina.

Em novembro de 1949, Gianna obtém sua licenciatura de medicina e cirurgia. Especializa-se então em pediatria, tanto por amor pelas crianças como para estar perto das mães. Atende a cada um dos enfermos com grande paciência e amabilidade. Aos enfermos especialmente pobres ajudava com dinheiro, além de medicamentos.

Nos Primeiros meses do ano de 1954, Gianna se pergunta todavia qual é sua vocação. Depois de rezar muito, se decide pelo matrimônio. Em 24 de setembro de 1955, casa-se com Pedro Mola; preside a cerimônia o padre José Beretta, irmão de Gianna. Em 19 de novembro de 1956, nasce um menino na casa Beretta-Molla: Pedro Luís; em 11 de dezembro de 1957 nasce uma menina: Maria Zita, e em 15 de Julho de 1960 uma segunda filha: Laura. Para dar graças a Deus, depois do nascimento de cada um de seus filhos, Gianna faz uma doação às missões, tirando de suas economias, uma soma que equivale ao salário de seis meses de trabalho.

Gianna educava seus filhos moralmente e religiosamente, ensinando-os a rezar e ensinando a fazer exame de consciência todas as noites. após o nascimento de Laura, decide que abandonará o exercício da medicina quando tenha um quarto filho.

Em agosto de 1961 se anuncia uma nova maternidade. Mas, no segundo mês de gravidez, Gianna sente,que está desenvolvendo, dia atrás dia , uma massa dura junto do útero, ameaçando tanto a vida da criança como a sua própria vida. Trata-se de um tumor que deverá ser extraído. Gianna é consciente dos riscos que corre. Três soluções apresentam a ela: -extrair o tumor e o útero com a criança (essa intervenção salvará quase com toda a segurança a vida da mãe, mas a criança morrerá e ela não poderá ter mais filhos);-extrair o tumor e provocar o aborto (a mãe se salvará e poderá eventualmente ter filhos mais adiante), mas é uma solução que vai contra a lei de Deus;-Extrair o tumor somente, tentando não interromper o decorrer da gravidez (somente esta terceira possibilidade preserva a vida da criança, mas põe em grave perigo a vida da mãe).

Em sua condição de esposa bem amada , de feliz mãe de três filhos formosos, Gianna deve escolher e decidir: a solução mais segura para sua própria viva, ou a única solução que existe para salvar a vida da criança; "ele ou eu", a criança ou a mãe. Sua decisão é por sua própria vida em perigo. O amor por seu filho é maior.

Começa a subida ao calvário junto a Jesus crucificado. No dia 6 de setembro antes de entrar na sala de cirurgia, roga ao cirurgião que faça todo o possível para salvar a criança e que não se preocupasse com ela. A operação que consiste em extrair o tumor deixando intacta a cavidade uterina, resulta com êxito: a criança é salva e o desejo de Gianna foi cumprido. No entanto, ela é consciente de que, a cabo de uns meses, o útero pode romper-se e provocar uma hemorragia mortal.

Sem perder o sorriso em seu rosto, Gianna passa os últimos meses de gravidez em orações e abandono a vontade de Deus, no meio de grandes dores físicos e morais. No Sábado Santo 21 de abril de 1962, nasce uma menina que recebe no batismo o nome de Gianna Manuela. Após o parto, o estado de Gianna se agrava. Quando a dor resulta demasiado intenso, ela beija seu crucifixo. Manda chamar um padre, recebe com fervor os últimos sacramentos e, em meio de sua agonia, repete sem cessar: "Jesus, te amo! "Jesus, te amo!". Em 24 de abril, Gianna morre na presença de seu esposo, que aprovou sua opção.

No dia 25 de abril de 1994, o Papa João Paulo II beatificou a Gianna Beretta Molla.

(tirado do boletim "Abbaye Saint-Joseph de Clairval" de 21 de Janeiro de 2003, para mais informações sobre o boletim do Mosteiro, visite http://www.clairval.com)