domingo, 3 de outubro de 2010

Primeira focolarina beatificada A luz de Chiara a Igreja aposta nesta juventude busquemos não desaponta-la.

Na época das débeis paixões civis e das incertezas existenciais a Igreja propõe uma jovem mulher - Chiara Badano, falecida com pouco menos de vinte anos, desgastada por uma doença que assusta - como exemplo da possibilidade de sair dos entorpecimentos da alma e de vidas sem alegria nem esperança. Hoje que a fé cristã volta a ser um caminho estreito que se escolhe, só aparentemente a nova beata é uma questão de interesse meramente católico, concluída entre os confins de um ritual religioso. O modo como Chiara viveu a sua vida, que imprevistamente se tornou demasiado breve para não suscitar arrependimentos, a sua beatificação encerra fortes mensagens e cruza-se com perguntas comuns a homens e mulheres de todos os lugares e convicções. Chiara Badano não é um exemplo de cristianismo sentido como resíduo de lendas exaltantes para pessoas simples, mas ao contrário exemplo de liberdade de espírito encarnada dentro das dinâmicas quotidianas do nosso viver na contemporaneidade, quando nas sociedades mais secularizadas perguntamos se a fé religiosa não é uma evasão supérflua. Um cristianismo que muda a vida porque engloba a mente e o coração. Antes de tudo dos jovens, mas também de quem quer que procure um sentido. Beatificando uma jovem a Igreja coloca-se em séria escuta do pedido de autenticidade que se eleva dos jovens a todos os tipos de autoridade. A jovem Chiara obteve a sabedoria de vida não tanto em teorias abstractas quanto numa decisão típica da adolescência que, ao contrário, os adultos vivem com desencanto: apostar tudo e imediatamente no amor, com a vontade de o tornar eterno. Que é depois o denominador comum nos santos, prescindindo da idade do registo civil: são todos apaixonados por Jesus Cristo, escolhido como o bem total da própria vida. Deste seguimento fazem brotar uma vida com energias inimagináveis empregues a favor da felicidade dos outros. Os santos alcançam a própria felicidade consumindo-se no serviço ao próximo, sobretudo pobres e débeis, considerados imagens vivas de Deus. Trata-se de uma felicidade misteriosa e resistente ao mal e aos sofrimentos dos quais está permeado o enredo de vida de cada um. Com a santidade não se propõe uma vida de magia ou de poderes paranormais mas um caminho onde todos, sem distinção, têm a possibilidade de se encaminhar e que são capazes de percorrer vivendo o Evangelho e o mandamento maior nele contido: amarás a Deus com todas as tuas forças e ao próximo como Jesus Cristo te amou. Chiara Badano é uma jovem que, por muito tempo, se apaixonou com fervor de Jesus Cristo. Tendo vivido e falecido na companhia deste grande amor, não teve tempo para o seu sofrimento, mas olhos e coração para os outros. Em constante diálogo com este Vivente, sem pregar, tornou-se uma prova concreta que Deus não é uma aventura para a qual orientar às escuras a nossa aposta da vida, mas um interlocutor interessante que, se for procurado e questionado, pode mudar a qualidade do viver e do morrer humanos. Quando a Igreja reconhece a santidade de um jovem ou de uma moça, acende uma vela na escuridão dos tempos em vez de amaldiçoar a sua escuridão. À percepção da fadiga de viver experimentada quotidianamente por cada um, acrescenta-se que a vida não é só aqui, que o sentido da existência não está encerrado apenas entre o nascimento e a morte e que, se amamos, podemos viver responsavelmente até com alegria todos os tipos de sofrimento e de precariedade. Os jovens são por definição portadores de vida e conciliam-se mal com o sofrimento. Da juventude sentimos saudades e inveja; é um bem desejado mas passageiro. A santidade cristã tem muito a ver com este sentimento humano, porque o vive e procura curá-lo com algumas garantias diversas da ciência: o amor, a capacidade de amar é o único elixir que garante a juventude do coração e do espírito até no declínio físico mais repugnante e irreprimível. Mais do que um raciocínio, os santos são um percurso de vida concreta. A Igreja julga-se sobre os santos e não só sobre os pecadores. Todas as vezes que ela proclama beata ou santa uma pessoa, sobretudo se é jovem, renova a sua determinação a melhorar-se a si mesma. Bento XVI aposta nos santos do século XXI o bom êxito de uma verdadeira reforma da Igreja iniciada pelo Concílio Vaticano II. Chiara Badano é a primeira pessoa pertencente ao movimento dos focolares que se torna beata. Outra grande Chiara, fundadora deste vasto movimento de homens e mulheres que gostariam de transformar o mundo com amor, ao nome da sua jovem discípula, quis acrescentar o de Luz, a tal ponto que a nova beata é indicada como Chiara Luce Badano. E a luz interior, sabemos, abre a mente e desperta o coração.

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Michel Maria