terça-feira, 30 de novembro de 2010

Advento Meditando a chegada de Cristo, devemos buscar o arrependimento dos nossos pecados e preparar o nosso coração

O Ano Litúrgico começa com o Tempo do Advento; um tempo de preparação para a Festa do Natal de Jesus. Este foi o maior acontecimento da História: o Verbo se fez carne e habitou entre nós. Dignou-se a assumir a nossa humanidade, sem deixar de ser Deus. Esse acontecimento precisa ser preparado e celebrado a cada ano. Nessas quatro semanas de preparação, somos convidados a esperar Jesus que vem no Natal e que vem no final dos tempos.
Nas duas primeiras semanas do Advento, a liturgia nos convida a vigiar e esperar a vinda gloriosa do Salvador. Um dia, o Senhor voltará para colocar um fim na História humana, mas o nosso encontro com Ele também está marcado para logo após a morte.
Nas duas últimas semanas, lembrando a espera dos profetas e de Maria, nós nos preparamos mais especialmente para celebrar o nascimento de Jesus em Belém. Os Profetas anunciaram esse acontecimento com riqueza de detalhes: nascerá da tribo de Judá, em Belém, a cidade de Davi; seu Reino não terá fim... Maria O esperou com zelo materno e O preparou para a missão terrena.
Para nos ajudar nesta preparação usa-se a Coroa do Advento, composta por 4 velas nos seus cantos – presas aos ramos formando um círculo. A cada domingo acende-se uma delas. As velas representam as várias etapas da salvação. Começa-se no 1º Domingo, acendendo apenas uma vela e à medida que vão passando os domingos, vamos acendendo as outras velas, até chegar o 4º Domingo, quando todas devem estar acesas. As velas acesas simbolizam nossa fé, nossa alegria. Elas são acesas em honra do Deus que vem a nós. Deus, a grande Luz, "a Luz que ilumina todo homem que vem a este mundo", está para chegar, então, nós O esperamos com luzes, porque O amamos e também queremos ser, como Ele, Luz.
No lº Domingo, há o perdão oferecido a Adão e Eva. Eles morreram na terra, mas viverão em Deus por Jesus Cristo. Sendo Deus, Jesus fez-se filho de Adão para salvar o seu pai terreno. Meditando a chegada de Cristo, que veio no Natal e que vai voltar no final da História, devemos buscar o arrependimento dos nossos pecados e preparar o nosso coração para o encontro com o Senhor. Para isso, nada melhor que uma boa Confissão, bem feita.
Até quando adiaremos a nossa profunda e sincera conversão para Deus?
No 2º Domingo, meditamos a fé dos Patriarcas. Eles acreditaram no dom da terra prometida. Pela fé, superaram todos os obstáculos e tomaram posse das Promessas de Deus. É uma oportunidade de meditarmos em nossa fé; nossa opção religiosa por Jesus Cristo; nosso amor e compromisso com a Santa Igreja Católica – instituída por Ele para levar a salvação a todos os homens de todos os tempos. Qual tem sido o meu papel e o meu lugar na Igreja? Tenho sido o missionário que Jesus espera de todo batizado para salvar o mundo?
No 3º Domingo, meditamos a alegria do rei Davi. Ele celebrou a aliança e sua perpetuidade. Davi é o rei imagem de Jesus, unificou o povo judeu sob seu reinado, como Cristo unificará o mundo todo sob seu comando. Cristo é Rei e veio para reinar; mas o seu Reino não é deste mundo; não se confunde com o “Reino do homem”; seu Reino começa neste mundo, mas se perpetua na eternidade, para onde devemos ter os olhos fixos, sem tirar os pés da terra.
No 4º Domingo, contemplamos o ensinamento dos Profetas: Eles anunciaram um Reino de paz e de justiça com a vinda do Messias. O Profeta Isaías apresenta o Senhor como o Deus Forte, o Conselheiro Admirável, o Príncipe da Paz. No seu Reino acabarão a guerra e o sofrimento; o boi comerá palha ao lado do leão; a criança de peito poderá colocar a mão na toca da serpente sem mal algum. É o Reino de Deus que o Menino nascido em Belém vem trazer: Reino de Paz, Verdade, Justiça, Liberdade, Amor e Santidade.
A Coroa do Advento é o primeiro anúncio do Natal. Ela é da cor verde, que simboliza a esperança e a vida, enfeitada com uma fita vermelha, simbolizando o amor de Deus que nos envolve e também a manifestação do nosso amor, que espera ansioso o nascimento do Filho de Deus.
O Tempo do Advento deve ser uma boa preparação para o Natal, deve ser marcado pela conversão de vida – algo fundamental para todo cristão. É um processo de vital importância no relacionamento do homem com Deus. O grande inimigo é a soberba, pois quem se julga justo e mais sábio do que Deus nunca se converterá. Quem se acha sem pecado, não é capaz de perdoar ao próximo, nem pede perdão a Deus.
Deus – ensinam os Profetas – não quer a morte do pecador, mas que este se converta e viva. Jesus quer o mesmo: “Eu vim para que todos tenham a vida e a tenham em abundância” (Jo 10,10). Por isso Ele chamou os pecadores à conversão: “Convertei-vos, porque está próximo o Reino dos Céus” (Mt 4,17); “convertei-vos e crede no Evangelho” ( Mc 1,15).
Natal do Senhor, este é o tempo favorável; este é o dia da salvação!

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Catequese de Bento XVI sobre Santa Catarina de Sena

Queridos irmãos e irmãs,
hoje, eu gostaria de falar-vos sobre uma mulher que teve um papel de destaque na história da Igreja. Trata-se deSanta Catarina de Sena. O século em que viveu – o décimo quarto – foi uma época conturbada para a vida da Igreja e da sociedade em geral na Itália e na Europa. No entanto, mesmo nos momentos de maior dificuldade, o Senhor não cessa de abençoar o seu Povo, suscitando Santos e Santas que inspiram as mentes e os corações, levando à conversão e à renovação. Catarina é uma dessas e ainda hoje fala-nos e estimula-nos a caminhar com coragem rumo à santidade, para sermos cada vez mais plenamente discípulos do Senhor.

Nascida em Sena em 1347, em uma família muito numerosa, morreu em sua cidade natal, em 1380. Com a idade de 16 anos, impulsionada por uma visão de São Domingos, entrou na Ordem Terceira Dominicana, o ramo feminino dito das Mantellate. Permanecendo em família, confirmou o voto de virgindade feito privadamente quando ainda era adolescente, dedicou-se à oração, à penitência, às obras de caridade, especialmente em benefício dos doentes.

Quando a fama de sua santidade espalhou-se, foi protagonista de uma intensa atividade de aconselhamento espiritual na relação com todas as categorias de pessoas: nobres e políticos, artistas e gente do povo, pessoas consagradas, eclesiásticos, incluindo o Papa Gregório XI que, naquele período, residia em Avignon e ao qual Catarina exortou enérgica e eficazmente que retornasse para Roma. Viajou muito para solicitar a reforma interior da Igreja e promover a paz entre os Estados: também por esse motivo, o Venerável João Paulo II desejou declará-la copadroeira da Europa: o Velho Continente nunca poderá esquecer as raízes cristãs que formam a base de seu caminho e continua a desenhar, a partir do Evangelho, os valores fundamentais que asseguram a justiça e a harmonia.

Catarina sofreu muito, como muitos Santos. Alguns chegaram a pensar que se devesse ter cautela com ela ao ponto de que, em 1374, seis anos antes de sua morte, o capítulo geral dos Dominicanos convocou-a a Florença para interrogá-la. Colocaram-na junto a um frade douto e humilde, Raimundo de Cápua, futuro Mestre-Geral da Ordem. Ele tornou-se seu confessor e também seu "filho espiritual" e escreveu a primeira biografia completa da santa. Foi canonizada em 1461.

A doutrina de Catarina, que aprendeu a ler com dificuldade e aprendeu a escrever quando já era adulta, está contida no Il Dialogo della Divina Provvidenza ovvero Libro della Divina Dottrina [O Diálogo da Divina Providência ou Livro da Divina Doutrina], uma obra-prima da literatura espiritual, em seu Epistolario [Correspondências] e na reunião dasPreghiere [Orações]. Seu ensino possui uma riqueza tamanha que o Servo de Deus Paulo VI, em 1970, declarou-a Doutora da Igreja, título que se uniu àquele de copadroeira da cidade de Roma, por desejo do Beato Pio IX, e de Padroeira da Itália, de acordo com a decisão do Venerável Papa Pio XII.

Em uma visão que jamais se apagou do coração e da mente de Catarina, Nossa Senhor apresentou-a a Jesus, que lhe deu um esplêndido anel de ouro, dizendo: "Eu, teu Criador e Salvador, esposo-te na fé, que conservarás sempre pura, até quando vieres celebrar comigo no céu as tuas núpcias eternas" (Raimundo de Cápua, S. Caterina da Siena, Legenda maior, n. 115, Siena, 1998). Aquele anel foi visível somente para ela. Nesse episódio extraordinário, colhemos o centro vital da religiosidade de Catarina e de toda a espiritualidade verdadeira: o cristocentrismo. Cristo é para ela como o esposo, com quem há uma relação íntima, de comunhão e de fidelidade; é o bem amado acima de todos os outros bens.

Essa união profunda com o Senhor é ilustrada por um outro episódio da vida dessa grande mística: a troca de corações. Segundo Raimundo de Cápua, que transmite as confidências recebidas de Catarina, o Senhor Jesus lhe aparece segurando na mão um coração humano vermelho esplendente, abre-lhe o peito, introdu-lo e diz: "Querida filha, como no outro dia eu tomei o teu coração que tu me ofereceste, eis que agora te dou o meu, e de agora em diante ficará no lugar que ocupava o teu" (ibid.). Catarina viveu realmente as palavras de São Paulo, "[...] não sou eu que vivo, mas é Cristo que vive em mim" (Gl 2, 20).

Assim como a santa sienesa, todo o crente sente a necessidade de conformar-se com os sentimentos do Coração de Cristo para amar a Deus e o próximo como Cristo mesmo ama. E todos nós podemos deixar-nos transformar o coração e aprender a amar como Cristo, em uma familiaridade com ele nutrida pela oração, meditação da Palavra de Deus e dos Sacramentos, sobretudo recebendo frequentemente e com devoção a santa Comunhão. Também Catarina pertence àquela fileira de santos eucarísticos com que eu desejei concluir a minhaExortação Apostólica Sacramentum Caritatis (cf. n. 94). Queridos irmãos e irmãs, a Eucaristia é um dom extraordinário de amor que Deus nos renova continuamente para alimentar o nosso caminho de fé, revigorar a nossa esperança, inflamar a nossa caridade, para tornar-nos sempre mais semelhantes a Ele.

Em torno de uma personalidade tão forte e autêntica foi-se constituindo uma verdadeira e própria família espiritual. Tratava-se de pessoas fascinadas pela autoridade moral desta jovem mulher de elevadíssimo nível de vida, e às vezes impressionadas também pelos fenômenos místicos de que participava, como o êxtase frequente. Muitos colocaram-se ao seu serviço e, sobretudo, consideraram um privilégio serem guiados espiritualmente por Catarina. Eles chamavam-na de "mamãe", porque, como filhos espirituais, dela obtêm a nutrição do espírito.

Também hoje a Igreja recebe um grande benefício do exercício da maternidade espiritual de tantas mulheres, consagradas e leigas, que alimentam nas almas o pensamento por Deus, fortalecem a fé do povo e orientam a vida cristã rumo a picos sempre mais elevados. "Filho, digo-vos e chamo-vos – escreve Catarina dirigindo-se a um de seus filhos espirituais, o cartuxo João Sabatini –, enquanto dou-vos à luz através de contínuas orações e lembrança constante diante de Deus, como uma mãe dá à luz ao filho" (Epistolario, Lettera  n. 141: A don Giovanni de’ Sabbatini). Ao frade dominicano Bartolomeu de Dominici era usual dirigir-se com estas palavras: "Diletíssimo e queridíssimo irmão e filho em Cristo, doce Jesus".

Uma outra característica da espiritualidade de Catarina está relacionada com o dom das lágrimas. Elas expressam uma sensibilidade profunda e requintada, capacidade de comoção e ternura. Não poucos santos tiveram o dom das lágrimas, renovando a emoção do próprio Jesus, que não reteve ou escondeu suas lágrimas diante do sepulcro de seu amigo Lázaro e da tristeza de Maria e Marta, e à vista de Jerusalém, em seus últimos dias terrenos. Segundo Catarina, as lágrimas dos Santos se mesclam ao Sangue de Cristo, de quem ela falava com tons vibrantes e imagens simbólicas muito eficazes: "Fazei memória de Cristo crucificado, Deus e homem [...]. Tenhais como objetivo Cristo crucificado, esconde-te nas chagas de Cristo crucificado, mergulha-te no sangue de Cristo crucificado" (Epistolario, Lettera n. 16: Ad uno il cui nome si tace).

Aqui nós podemos entender porque Catarina, embora consciente das carências humanas dos padres, sempre teve uma grandíssima reverência por eles: dispensam, através dos Sacramentos e da Palavra, o poder salvador do Sangue de Cristo. A Santa Sienesa convidou sempre os ministros sagrados, também o Papa, a quem chamava de "doce Cristo na terra", a serem fiéis às suas responsabilidades, movida sempre e somente pelo seu amor profundo e constante pela Igreja. Antes de morrer, disse: "Partindo-me do corpo, na verdade, consumei e dei a vida na Igreja e pela Igreja Santa, o que me é singularíssima graça" (Raimundo de Cápua, S. Caterina da Siena, Legenda maior, n. 363).

De Santa Catarina, portanto, aprendemos a ciência mais sublime: conhecer e amar Jesus Cristo e sua Igreja. NoDialogo della Divina Provvidenza, ela, com uma imagem singular, descreve Cristo como uma ponte entre o céu e a terra. Essa ponte é composta por três escadas, constituídas pelos pés, pelo lado e pela boca de Jesus. Elevando-se através das escadas, a alma passa por três fases de toda a via de santificação: a separação do pecado, a prática das virtudes e do amor, a união doce e afetuosa com Deus.

Queridos irmãos e irmãs, aprendemos de Santa Catarina a amar com coragem, de modo intenso e sincero, Cristo e a Igreja. Façamos nossas, por isso, as palavras de Santa Catarina, que lemos no Dialogo della Divina Provvidenza, na conclusão do capítulo que fala de Cristo-ponte: "Por misericórdia lavou-nos no sangue, por misericórdia desejastes conversas com as criaturas. Ó, Louco de amor! Não te bastou encarnar-te, mas desejastes também morrer! [...] Ó misericórdia! O coração meu afoga-se no pensar em ti: que para onde quer que eu dirija meu pensamento, não encontro nada que não seja misericórdia" (cap. 30, pp 79-80). Obrigado.

Protagonismo, papel e deveres do leigo, são temas de destaque no 3º Seminário da Comissão para o Laicato

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“A discussão central do 3º Seminário da Comissão Episcopal para o Laicato da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) é a tradução de quem é o corpo da Igreja”. Foi o que disse o assessor do encontro, padre Oscar Beozzo, em entrevista a assessoria de imprensa da CNBB.
Para ele, o protagonismo do leigo é um foco da Igreja que deve se consolidar. “Antigamente se pensava o corpo da Igreja apenas sendo os padres e bispos, mas isso mudou desde o Concílio Vaticano II e hoje devemos ter isso bem presente, pois o leigo tem seu protagonismo e seu lugar na Igreja”, disse o estudioso dos documentos do Concílio Vaticano II.
padre_oscar_beozoDurante sua intervenção na tarde deste primeiro dia do Seminário, padre Beozzo também destacou a caminhada do Concílio Vaticano II até os dias de hoje e seus desdobramentos, como o surgimento das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) três anos após o Concílio, em Medellin e a responsabilidade da Igreja no mundo. “A Igreja tem seu papel social e não podemos dispensar isso. Não podemos ser indiferentes às guerras, à fome, às injustiças. A Igreja existe para o bem da humanidade, não para si. Essa preocupação é parte da responsabilidade da Igreja”, sublinhou o sacerdote.
dom_mario_clementeO bispo prelado emérito de Tefé (AM), dom Mário Clemente, vê o encontro como oportunidade de reforçar o protagonismo do leigo na Igreja. Ele afirma que o leigo já tem um papel significativo, mas que precisa de mais espaço para ampliá-lo. “No Brasil tem crescido bastante a participação do leigo nos conselhos das dioceses, paróquias. Em todos os níveis nós temos sentido essa participação nas decisões, nos ministérios. Mas precisa crescer ainda mais, inclusive há muitos temas que são os leigos que podem contribuir”, disse o bispo.
O presidente do Setor Leigos e bispo da diocese de Registro (SP), dom José Luiz dom_luiz_bertanhaBertanha, também destacou o protagonismo do leigo e disse ele é indispensável para o êxito da evangelização da Igreja. “A Igreja não vai conseguir evangelizar sem a presença do leigo. Ela evangeliza contanto com a sua presença. Sempre contamos com a presença do leigo, seja na liturgia, na catequese, pois ele exerce a sua vocação e a sua missão em duas direções: uma do coração da Igreja para o mundo e a outra é do coração do mundo para dentro da Igreja”.
Ainda segundo dom Luiz Bertanha, a formação é o caminho para o protagonismo. “Temos que dar oportunidade do leigo descobrir a sua vocação, ser protagonista da evangelização e para isso ele precisa de uma formação sólida, permanente, integral, para poder exercer essas duas direções, uma completando a outra. O trabalho do leigo dentro da Igreja e dentro do mundo secular: na política, na comunicação, o mundo da família e assim por diante”, completou.
dom_jorge_alves_bezerra“Autonomia, definição de responsabilidades, direitos e deveres”. Esses são alguns dos pontos que precisam ficar claros para que o leigo tenha um papel definido na Igreja e para que ele exerça seu papel sem dependências, segundo o bispo da diocese de Jardim (MS), dom Jorge Alves Bezerra. “Eu percebo que o ministério ordenado na Igreja tem muito bem definido as suas responsabilidades, direitos e deveres na Igreja, mas o leigo que tem o sacerdócio comum, não me parece ser bem definido. O leigo não têm definidos os trabalhos na Igreja e as responsabilidades que devem ser assumidas. Tudo isso precisa ser bem trabalhado para que ele não fique na dependência do padre sem autonomia. É preciso que ele esteja em profunda comunhão sempre porque todos somos a Igreja corpo de Cristo”, acentuou o bispo. Dom Jorge acredita que o Seminário é a oportunidade de esclarecer o papel do leigo na Igreja. “Minha expectativa é que nesse encontro possamos conhecer melhor qual é a missão do leigo na Igreja. O seu trabalho específico de ser fermento, sal e luz na comunidade”.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

São Domingos de Gusmão

Quadro de São Domingos que se encontra no claustro do convento dos Dominicanos em Bolonha.

São Domingos de Gusmão nasceu em Caleruega, em Castela, a Velha (Espanha), em 24 de junho de 1170. Seus pais, de ilustre nascimento, foram Félix de Gusmão e Joana de Aza, que deram origem a uma família de santos. Além de Domingos, os dois outros filhos do casal morreram em odor de santidade. O primeiro foi Antônio de Gusmão, sacerdote que, distribuindo todos seus bens aos pobres, retirou-se a um hospital para servir Nosso Senhor Jesus Cristo em seus membros sofredores. Manes, o segundo, entrou depois para a Ordem dominicana, tornando-se grande pregador e exemplar religioso. Foi beatificado, juntamente com sua mãe, por Gregório XVI.
Não admira que, numa tal família, o menino Domingos se sentisse atraído para a virtude desde o berço. Conta a tradição que, antes de ele nascer, sua mãe fez uma novena no santuário de São Domingos de Silos, e que no sétimo dia, o santo abade apareceu-lhe rodeado de glória, para anunciar-lhe que o filho que trazia no ventre seria a luz do mundo e a consolação de toda a Igreja. Pouco depois ela viu em sonhos que dava à luz um pequeno que tinha uma tocha na boca e com ela começou a incendiar o mundo.
Maturi dade precoce, exemplo de virtude
Diz-se que o pequeno Domingos, tão sério e maduro, era já dotado da sabedoria dos anciãos. Ele foi sempre modesto, recolhido, humilde, devoto, temperante e obediente.
Aos sete anos foi aprender as primeiras letras com seu tio, arcipreste em Gumiel d’Yzan, e aos catorze ingressou na universidade de Castela, em Palência. Durante 10 anos brilhou nos bancos escolares e deu exemplo de virtude.
“As verdades que compreendia graças à facilidade de seu espírito — diz seu primeiro biógrafo — regava-as com o orvalho dos afetos piedosos, a fim de que germinassem os frutos  da salvação. Sua memória se enchia, como um silo, da abundância das riquezas divinas, e suas ações exprimiam no exterior o tesouro sagrado que enchia seu peito”.(1) 
Os pobres, órfãos e viúvas encontravam nele um amparo e auxílio. Os sacerdotes que tinham dificuldades sobre a teologia, casos de consciência ou dúvida sobre pontos da Escritura acorriam às suas luzes. Nessa época ele dava lições públicas de Sagrada Escritura na Universidade de Palência.
Dedicação heróica à salvação das almas
O bispo de Osma, tendo conseguido reformar sua diocese, induziu os cônegos da catedral a viverem em comunidade, observando a regra de Santo Agostinho. Obteve que Domingos fosse para aquela cidade e vestisse o hábito de cônego regular. Pouco depois ele foi nomeado vice-prior dos cônegos, que era o mais alto posto, visto que o de prior o bispo acumulava com seu cargo episcopal. Domingos passou nove anos numa vida de contemplação e de união com Deus como cônego regular, dificilmente ultrapassando os limites da casa canonical.
Entretanto, ele estremecia ao saber que tantos se perdiam por falta de pregadores e implorava a Nosso Senhor Jesus Cristo que lhe proporcionasse um meio de consagrar-se por inteiro à salvação das almas.
Eis que ele é ouvido inopinadamente. “Tinha já trinta e três anos. Sua formação física, intelectual e moral estava terminada. Sem dar-se conta, Deus tinha ido temperando sua natureza heróica com um caráter essencialmente combativo. Tem uma ampla educação eclesiástica e universitária; a cátedra deu solidez a seus conhecimentos; a vida regular do cabido o iniciou nas vias da perfeição religiosa, e seu cargo à frente dos cônegos abriu-lhe as perspectivas da administração temporal e do regime das almas”.(2) Estava ele pronto para a grande odisséia espiritual de sua vida.
Heresia albigense incentivou seu zelo apostólico
Nossa Senhora guia São Domingos à vitória contra os albigenses
No ano 1203 o Rei de Castela, Afonso VIII, pediu ao novo bispo de Osma, D. Diego de Acevedo, que fosse à corte da Dinamarca para negociar o casamento de um dos filhos do rei com uma princesa daquela terra, cuja formosura tinha sido celebrada na corte pelos trovadores. Com ele iria Domingos de Gusmão.
Era um longo caminho. Tinham que atravessar os Pireneus e entrar no sul da França. Passaram por Toulouse, que era a capital dos hereges cátaros, uma seita maniqueísta que estava fazendo muitos prosélitos, inclusive atraindo os condes de Toulouse.
A vista dessa região devastada pela heresia impressionou sensivelmente os dois viajantes. Como diz um dos biógrafos de Domingos, ele sentia o cheiro dos inimigos da Fé, como Santa Catarina de Siena sentia o dos pecadores. Foi aí que Domingos deu-se conta da necessidade de uma congregação de pregadores apostólicos para se opor às heresias.
Continuaram sua viagem, mas foi esta do ponto de vista humano infrutífera, pois a princesa de quem iam pedir a mão falecera pouco antes. Os dois apóstolos ouviram falar então de umas tribos selvagens na Alemanha, que até então ninguém tinha conseguido evangelizar. Tomaram a resolução de ir a Roma pedir ao Sumo Pontífice permissão para ir evangelizar aqueles povos, o que incluía a resignação de D. Acevedo ao episcopado.
Mas Inocêncio III, que conhecia os méritos do bispo, e que julgava muito mais importante para a Igreja, no momento, combater a seita dos cátaros, não aceitou a resignação e apenas permitiu ao bispo que dedicasse dois anos à conversão dos cátaros antes de voltar à sua diocese.
Juntaram-se eles a alguns monges de Cister, que já estavam pregando entre os hereges, e se entregaram à difícil tarefa de reconduzir a Deus almas extraviadas pela perniciosa heresia.
Durante a pregação, estupendos milagres
Muitos milagres marcaram a evangelização de São Domingos de Gusmão entre os cátaros. Um dos mais famosos ocorreu em Fangeux, na diocese de Carcassona. Os líderes cátaros apareceram em grande número, trazendo o livro que continha todas suas heresias. São Domingos levava um caderno no qual havia refutado a maioria desses erros. Como não chegavam a nenhum acordo, decidiram apelar para a prova do fogo. O escrito que permanecesse incólume numa fogueira seria o verdadeiro. Fizeram uma grande fogueira e nela jogaram o livro dos cátaros. Pouco depois estava este reduzido a cinzas. Lançaram então ao fogo o escrito de Domingos. Este voou ao ar sem se queimar e foi pousar numa viga do teto, onde deixou uma marca de fogo. Por três vezes os hereges repetiram o ato, com o mesmo resultado. Mas nem mesmo esse milagre converteu aqueles corações empedernidos.
Santo Rosário: antídoto eficaz contra a heresia
São Domingos recebido no Céu por Jesus Cristo e Nossa Senhora
Em 1207, em Prouille, São Domingos preocupou-se com a sorte de várias donzelas que seus pais não podiam sustentar, por causa da carestia que assolava a região, e reuniu-as no primeiro mosteiro dominicano da Ordem Segunda, a das monjas. Narram alguns dos biógrafos do Santo que foi na capela desse convento que Nossa Senhora apareceu a São Domingos e lhe disse que, “como a saudação angélica tinha sido o princípio da redenção do mundo, era necessário também que essa saudação fosse o princípio da conversão dos hereges; que assim, pregando o Rosário que contém cento e cinqüenta Ave Marias, ele veria um sucesso maravilhoso em seus trabalhos e os mais empedernidos sectários se converterem aos milhares”.(3)
A santidade de Domingos, seu rigoroso ascetismo, seu zelo inflamado, sua inalterável doçura, sua convincente eloqüência, começaram a produzir frutos esplêndidos. Muitas conversões se operaram, e em torno dele foi se juntando um grupo de jovens para receber sua direção e imitar seu exemplo. Esse foi o núcleo inicial do que seria depois a Ordem dos Predicadores ou Dominicanos.
Ordem dominicana: pregadores-cavaleiros de Cristo
São Domingos tinha 45 anos, em 1215, quando reuniu os seis primeiros discípulos em uma casa de Toulouse e lhes deu o hábito branco com a capa e capuz de lã negra dos cônegos regulares de Osma, que ele continuava vestindo. Entre estes seis primeiros estava seu irmão, o Beato Manes. Deviam formar eles um corpo de homens sábios, pobres e austeros, sendo que a ciência e a piedade deveriam ser os traços essenciais desses cavaleiros de Cristo. O trabalho manual ficava suprimido, o estudo prolongado, a oração litúrgica diminuída e os exercícios de penitência subordinados às exigências da pregação. São Domingos queria que seus discípulos fundassem casas nas principais cidades universitárias da Europa, a fim de atrair a juventude acadêmica para suas fileiras.
Inocêncio III concedeu sua primeira aprovação à Ordem nascente em 1215 e propôs no Concílio de Latrão, a todas as igrejas, aquele programa de renovação cristã e vida apostólica. Seu sucessor, Honório III, foi um protetor e amigo de Domingos e seus discípulos.
Encontro de dois santos exponenciais
Numa das viagens de Domingos a Roma, encontrou-se por acaso com Francisco de Assis, que para lá tinha ido a fim de obter a aprovação de sua obra. Sem se conhecerem anteriormente, eles dirigiram-se um ao outro e abraçaram-se, enquanto dizia Domingos: “Somos companheiros e criados de um mesmo Senhor; os mesmos negócios tratamos; os mesmos são nossos intentos; caminhemos como se fôssemos um só, e não haverá força infernal que nos desbarate”.
São Domingos de Gusmão faleceu aos 51 anos de idade, em 1221, e foi canonizado por Gregório IX em 1234.

HAITI: DUPLA NOVENA PELO FIM DO CÓLERA NO PAÍS

Porto Príncipe, 22 nov (RV) – A Conferência Episcopal Haitiana lançou uma dupla novena para consagrar o país à Nossa Senhora. Até o dia 8 de dezembro, todos os dias, às 9 horas, os haitianos são convidados a invocar a Virgem sob títulos diferentes, como Nossa Senhora das Lágrimas, dos Pobres, da Paz, do Perpétuo socorro, entre outros. 

Trata-se de pedir a proteção de Nossa Senhora contra a epidemia de cólera que assola o país desde a metade do mês de outubro. 

A Igreja no Haiti tem um papel ativo na campanha de promoção da saúde pública. Ao término de todas as cerimônias religiosas, os fiéis são instruídos sobre todas as precauções a serem tomadas para evitar uma propagação ainda maior do cólera, entre as quais lavar as mãos com sabão diversas vezes ao dia. 

Na manhã deste domingo, na paróquia do Sagrado Coração – a segunda mais importante da capital depois da catedral – panfletos informativas foram distribuídas a todos os presentes. 

O secretário da Conferência Episcopal do Haiti, Pe. Han's Alexandre, contou que o momento da missa do "abraço da paz" tem sido feito com um aceno para evitar contágios. Para o sacerdote, "se a Igreja fala, as pessoas escutam, elas sabem que é sério". 

Sendo o Haiti um país no qual 80% da população é católica, a Igreja tem bons meios de comunicação com a população, inclusive através da mídia. (RA/RD/ED)

BENTO XVI SOBRE O BEATO NEWMAN: VIVER É DESCOBRIR A VERDADE QUE DEUS É AMOR

Cidade do Vaticano, 22 nov (RV) - O Beato John Henry Newman – "mestre no ensinar-nos que o primado de Deus é o primado da verdade e do amor" – compreendeu a sua dependência "no ser d'Aquele que é o princípio de todas as coisas", encontrando assim no Senhor "a origem e o sentido" da identidade pessoal.

É o que escreve Bento XVI na mensagem ao Simpósio internacional intitulado "O primado de Deus na vida e nos escritos do Beato John Henry Newman". O encontro, aberto nesta segunda-feira em Roma, na Pontifícia Universidade Gregoriana, é promovido pela Faculdade de Teologia da referida Universidade e pelo Centro internacional dos Amigos de Newman.

O Cardeal Newman, proclamado Beato por Bento XVI em 19 de setembro passado, se deixou conduzir por dois critérios fundamentais. O primeiro é "a santidade, mais que a paz", e se traduz na firme vontade de "abandonar-se confiantemente ao Pai e de viver na fidelidade à verdade reconhecida".

Jamais o Cardeal Newman cedeu a falsos compromissos e se contentou com fáceis consensos – observa o Papa. Permaneceu sempre honesto "na busca da verdade, fiel às evocações da própria consciência e voltado para o ideal de santidade".

O segundo critério está ancorado na constatação de que "o crescimento é a única expressão de vida". Este princípio – ressalta o Pontífice – expressa plenamente a disposição do Cardeal Newman "a uma contínua conversão, transformação e crescimento interior".

A experiência de crescimento "na fidelidade a si mesmo e à vontade do Senhor" – acrescenta o Santo Padre – está contida nas seguintes palavras do Beato John Henry Newman: "Aqui na terra viver é mudar, e a perfeição é o resultado de muitas transformações".

Viver é também descobrir "a verdade objetiva de um Deus pessoal e vivo" que fala à consciência e revela ao homem a sua condição de criatura. Recordando as palavras de Newman, Bento XVI ressalta que "a busca da verdade não deve ser satisfação da curiosidade".

A aquisição da verdade "não se assemelha em nada à exaltação por uma descoberta". "Há uma só verdade", é o primado de Deus. Esse primado se traduz para Newman – conclui o Pontífice – "no primado da verdade", uma verdade que deve ser buscada, sobretudo, dispondo "a própria interioridade ao acolhimento, numa postura de abertura e sinceridade para com todos, e que atinge o seu ápice no encontro com Cristo, caminho, verdade e vida". (RL)

CARDEAL BERTONE: CIÊNCIA ESTEJA A SERVIÇO DA PESSOA

Roma, 10 nov (RV) - Realizou-se na manhã desta quarta-feira em Roma, na Sala São Pio X, uma coletiva de imprensa promovida pela Fundação "Casa Alívio do Sofrimento – Obra de São Pio de Pietrelcina" para lançar um inovador projeto de pesquisa sobre as células-tronco cerebrais.

O encontro, que teve como tema "Objetivo: homem", foi presidido pelo Cardeal Secretário de Estado, Tarcisio Bertone, que em seu pronunciamento evidenciou a visão integral da pessoa, que sempre deve ser respeitada pela pesquisa científica e pela medicina.

A medicina jamais deixe de lado a "visão integral da pessoa, no respeito pela sua dignidade e pelas necessidades assistenciais, espirituais e relacionais": foi o que afirmou o Cardeal Bertone, ressaltando a visão de futuro da "perspectiva estratégica" indicada pelo Pe. Pio na assistência e no tratamento dedicado ao enfermo.

Em seguida, o purpurado elogiou o abnegado serviço prestado em mais de 50 pela Casa Alívio do Sofrimento, querida pelo Pe. Pio. "Um hospital – disse o purpurado – não pode pensar somente em inovação científica e tecnológica, mas deve ser alimentado pela virtude da caridade evangélica que o Santo recomendava fosse sempre levada ao leito do enfermo."

Portanto – acrescentou – também a Casa Alívio do Sofrimento é "chamada a conotar de significado ético todo processo de desenvolvimento de suas estruturas e de seus programas de pesquisa". O Cardeal Secretário de Estado evidenciou que se trata de uma exigência que é reiterada com veemência por Bento XVI na encíclica "Spe salvi":

"A ciência pode contribuir muito para a humanização do mundo e da humanidade. Ela, porém, pode também destruir o homem e o mundo, se não for orientada pelas forças que se encontram fora dela... Não é a ciência que redime o homem. O homem é redimido mediante o amor."

Por fim, o Cardeal Bertone quis dirigir uma saudação ao Hospital Pediátrico Menino Jesus de Roma (Bambino Gesù), recentemente atingido por um grave incêndio:

"Gostaria de mandar uma saudação de bons augúrios ao Hospital Menino Jesus, após o incidente sofrido. Mas graças a Deus e à generosidade e ao heroísmo de todos os funcionários e médicos, foram salvas as vidas de todas as crianças. Esperamos possa continuar e retomar suas atividades também renovando os seus setores." (RL)