terça-feira, 16 de novembro de 2010

Publicada a Exortação Apostólica postsinodal “Verbum Domini” que convida a redescobrir a centralidade de Deus na vida pessoal e da Igreja, apelando ao diálogo e ao compromisso pela «transformação do mundo»

Redescobrir a centralidade de Deus na vida pessoal e da Igreja e a urgência e a beleza de a anunciar para a salvação da humanidade como testemunhas convencidas e credíveis do Ressuscitado: esta em síntese a mensagem de Bento XVI na Exortação apostólica postsinodal “Verbum Domini”, que recolhe as reflexões e as propostas que emergiram do Sínodo dos Bispos efectuado no Vaticano em Outubro de 2008 sobre o tema “ A Palavra de Deus na vida e na missão da Igreja. O Documento é um apelo apaixonado dirigido pelo Papa aos pastores, aos membros da vida consagrada e aos leigos a terem uma familiaridade cada vez maior com a Sagrada Escritura, nunca esquecendo que no fundamento de toda a autentica e viva espiritualidade cristã se encontra a Palavra de Deus anunciada, escutada, celebrada e meditada na Igreja.

“Num mundo que, muitas vezes, sente Deus como supérfluo ou estranho, não há maior prioridade do que esta: reabrir ao homem de hoje o acesso a Deus, ao Deus que fala e comunica o seu amor”, escreve.
O Papa defende que a relação com a Bíblia deve levar a um compromisso efectivo para “tornar o mundo mais justo”, denunciando “sem ambiguidades as injustiças” e promovendo 
“a solidariedade e a igualdade”.
“O compromisso pela justiça e a transformação do mundo é constitutivo da evangelização”,
 refere o documento.
A Palavra de Deus, acrescenta Bento XVI, é também “fonte de reconciliação e de paz”, pelo que as religiões“não podem nunca justificar a intolerância ou as guerras”. “Não se pode usar a violência em nome de Deus”, sustenta.
A exortação – documento eminentemente catequético – sublinha que a Sagrada Escritura contém resposta às inquietações da sociedade actual.
O Papa lamenta que, sobretudo no Ocidente, se divulgue a ideia de que “Deus seja alheio à vida e aos problemas dos homens e que a sua presença pode ser uma ameaça à autonomia” do ser humano.
Para Bento XVI, “só Deus responde à sede que há no coração de cada homem”, pelo que é fundamental para a Igreja 
“apresentar a Palavra de Deus na sua capacidade de dialogar com os problemas que o homem tem de enfrentar na vida quotidiana”.O Papa lembra que a Igreja “reconhece como parte essencial do anúncio da Palavra o encontro, o diálogo e a colaboração com todos os homens de boa vontade, particularmente com as pessoas pertencentes às diversas tradições religiosas da humanidade”.Esse diálogo, no entanto, “não seria fecundo, se não incluísse também um verdadeiro respeito por todas as pessoas, para que possam aderir livremente à sua própria religião”.O documento lança ainda um apelo em favor de um “renovado encontro entre Bíblia e culturas”.
“Quero reafirmar a todos os agentes culturais que nada têm a temer da sua abertura à Palavra de Deus, que nunca destrói a verdadeira cultura, mas constitui um estímulo constante para a busca de expressões humanas cada vez mais apropriadas e significativas”,
 diz o Papa.
Bento XVI refere, neste contexto, a necessidade de “recuperar plenamente o sentido da Bíblia como grande código para as culturas”, promovendo o seu conhecimento nas escolas e universidades e superando 
“antigos e novos preconceitos”.A inculturação, alerta, “não deve ser confundida com processos de adaptação superficial, nem mesmo com a amálgama sincretista que dilui a originalidade do Evangelho para o tornar mais facilmente aceitável”.Os meios de comunicação social também merecem uma palavra de relevo, com o Papa a “agradecer aos católicos que lutam com competência por uma presença significativa no mundo dos mass media, solicitando um empenhamento ainda mais amplo e qualificado”.A exortação fala no “papel crescente” da Internet, que constitui “um novo fórum onde fazer ressoar o Evangelho, na certeza, porém, de que o mundo virtual nunca poderá substituir o mundo real”.

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Michel Maria